segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Operação Northwoods, 1962


Eis uma "teoria conspiratória" que quase se tornou realidade. 

Esse tipo de operação se chama "operação de bandeira falsa" ("false-flag operation") e são conduzidas secretamente por governos, corporações ou outras organizações. O objetivo é orquestrar eventos falsos para culpar inimigos e tirar proveito das consequências resultantes - em geral, GUERRAS (pois é, tem quem goste). 

Esse nome de "bandeira falsa" vem do conceito militar de se utilizar bandeiras do inimigo por algum motivo. Em tempos de guerra, isso parece um pouco mais aceitável. Mas em tempos de paz, operações de "bandeira falsa" ficam bem mais assustadoras.

Vamos então à horripilante Operação Northwoods. Felizmente, ela não aconteceu. Mas é oficial: ela existiu. Foi criada pelos Estados Unidos, em 1962. O objetivo era fazer com que a CIA ou outra organização do tipo cometesse atos de terrorismo contra os EUA e outros lugares. Pra quê? Pra culpar Cuba e gerar apoio popular para que os EUA entrassem oficialmente em guerra contra o país, que havia se tornado comunista há pouco tempo. Não duvido nada que, na confusão, Fidel Castro acabasse morto. De qualquer jeito, mesmo que não acabassem por assassiná-lo, o objetivo seria derrubar aquele regime comunista que tanto atormentava os Estados Unidos ali do lado.

"Assunto: Justificativa para Intervenção Militar em Cuba"



Dentre os planos pros ataques de bandeira falsa, havia ataques REAIS E FALSOS contra militares, civis, aviões e navios. Sequestros e explosões criminosas também faziam parte do esquema. Aqui tá a tradução de um dos planos, que envolvia a simulação de um sequestro e explosão de um avião comercial norte-americano:

"Uma aeronave seria pintada e numerada na base aérea americana de Englin, como uma duplicata exata de uma aeronave civil (…) Em uma hora designada, a duplicata seria substituída pela aeronave civil de verdade e seria carregada com passageiros seletos, todos abrigados sob pseudônimos cuidadosamente preparados. A aeronave registrada de verdade seria convertida em um drone [teleguiado]. (…) A aeronave carregando os passageiros seria baixada a uma altitude mínima e iria diretamente a um campo auxiliar na base aérea de Eglin onde preparativos teriam sido feitos para evacuar os passageiros e retornar a aeronave a seu status original. A aeronave teleguiada enquanto isso continuará a voar com o plano de vôo original. Quando estiver sobre Cuba, o avião teleguiado começará a transmitir a freqüência internacional de perigo MAYDAY afirmando estar sob ataque de aeronaves MIGs cubanas. A transmissão será interrompida pela destruição da aeronave, que será detonada por um sinal de rádio."

Isso aí parece até meio bonzinho porque, embora o objetivo seja provocar uma guerra, não machuca ninguém. Mas outros aspectos do plano eram um pouco mais perturbadores:

"Essa campanha de terror seria dirigida contra refugiados cubanos asilados nos EUA. Nós afundaríamos um barco carregado de refugiados cubanos a caminho da Flórida (real ou simulado). Poderíamos promover atentados às vidas de cubanos que vivem nos Estados Unidos, até mesmo a ponto de feri-los, em ocasiões que serão amplamente divulgadas. Explodir algumas bombas plásticas em locais estratégicos, prender alguns agentes cubanos e divulgar documentos, previamente preparados, para comprovar a participação de Cuba, seria útil para divulgar a imagem de um governo cubano irresponsável."

No final das contas, o esquema era esse: atacar inocentes, culpar inocentes e prendê-los, aterrorizar um país inteiro e produzir evidência falsa pra ter apoio internacional e dar início a uma guerra.

Tudo isso foi devidamente elaborado e documentado, para depois ser oficialmente apresentado ao Secretário de Defesa Robert McNamara, em 1962. Nada disso aconteceu, os documentos foram liberados pelas leis de Libertade de Informação dos EUA e lá está Cuba sendo comunista do jeito dela.

De qualquer forma, acho que o simples fato de planos assim terem sido considerados já é terrível o suficiente. Ainda mais há tão pouco tempo atrás. Tipo em 2001. Em setembro. Dia 11.

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